Em uma revelação surpreendente, Xande de Pilares compartilhou nesta segunda-feira (02) que sua trajetória como cantor não foi um desejo inicial. O artista confessou ter receio da própria voz e relutância em assumir a liderança de um grupo. Ele detalhou que sua entrada na gravação do primeiro álbum do Grupo Revelação só se concretizou mediante a insistência do produtor musical Bira Haway, conforme divulgado pelo programa Roda Viva, da TV Cultura.
Durante a juventude, Xande evitava ouvir sua própria voz em gravações.
“Na verdade, eu não queria ser cantor, eu não gostava da minha voz. Eu lembro quando tinha aqueles gravadores e ia gravar, eu sentia que a minha voz não era muito legal. Mas a minha relação com a música sempre foi muito verdadeira”, recordou o músico.
O cantor ressaltou o papel fundamental de Bira Haway no início de sua carreira. “O Bira cismou que eu tinha que cantar no primeiro disco do Grupo Revelação, que foi gravado de 1997 para 1998. Eu fui bastante resistente em não querer aquela responsabilidade. Eu não queria essa responsabilidade, eu queria a liberdade de poder me divertir nas rodas de samba […]. Cantar não é fácil”, acrescentou.
Recentemente, em 2025, Xande lançou o álbum “Nos braços do povo – Volume 1”. O artista também tem recebido reconhecimento pelo projeto “Xande Canta Caetano”, que foi agraciado com o Grammy Latino 2024 na categoria de Melhor Álbum de Samba e Pagode.
Para o carnaval de 2026, Xande de Pilares será o tema da escola de samba Unidos de Jacarezinho, que competirá na Série Ouro. Além disso, ele integra o time de compositores do samba campeão da Mocidade, que celebrará a vida e obra de Rita Lee.
Na mesma entrevista, Xande de Pilares teceu críticas ao modelo atual das disputas por sambas-enredo no carnaval, apontando os elevados custos envolvidos no processo de escolha das obras pelas agremiações.
Segundo o cantor, o formato vigente impõe barreiras financeiras significativas. “A disputa de samba-enredo se tornou muito cara. Você forma uma parceria, você tem dois ou três que escrevem. Como a disputa é muito cara, você tem que se render a isso, ter um cara para investir. E esse cara vira compositor, só que tem muitos que não reconhecem que não são compositores e batem no peito e se acham melhores do que aqueles que escrevem”, avaliou Xande.
O músico pontuou que a exigência de investimento financeiro acaba por prejudicar talentos emergentes. “A gente hoje é obrigado a conviver com isso, faz parte do sistema, mas tem muitos compositores talentosos que perdem a oportunidade de poder ganhar um samba porque não têm recursos financeiros”, concluiu.