A atriz Ingrid Guimarães, assim como outras personalidades como Angélica e Flávia Alessandra, tem contribuído para desmistificar a transição hormonal feminina. Recentemente, Guimarães compartilhou suas experiências, mencionando não apenas a ausência de menstruação, mas também a secura vaginal, sentimentos que geram complexidade e a sensação de juventude em conflito com a idade real. Embora o debate sobre sintomas como ondas de calor, insônia, irritabilidade e secura vaginal esteja em ascensão, persiste a dúvida sobre como distinguir uma irregularidade menstrual pontual, causada por fatores de estilo de vida, do início da perimenopausa.
Segundo o ginecologista Dr. Igor Padovesi, nem toda alteração no ciclo menstrual é um sinal de alarme. Ele explica que, em mulheres com ciclos previamente regulares, uma mudança que se prolonga por um ou dois meses geralmente não exige investigação imediata.
Quando as Alterações se Tornam Sinais de Alerta
O ponto de atenção surge quando as irregularidades se tornam persistentes. No entanto, o diagnóstico da perimenopausa não é direto. “A própria perimenopausa pode gerar mudanças sutis no padrão menstrual. Não existe um exame que confirme com precisão, depende de uma boa história clínica”, afirma o ginecologista.
Fatores como estresse, excesso de atividade física, uso de contraceptivos ou até mesmo a ausência do útero podem comprometer a utilidade do padrão menstrual como referência para o diagnóstico.
Exames: Aliados e Limitações no Diagnóstico
Exames como FSH, LH e estradiol, embora frequentemente solicitados, não são conclusivos para diagnosticar a perimenopausa, visto que os níveis hormonais nesta fase são naturalmente flutuantes. O médico ressalta que, para diferenciar condições como estresse, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e perimenopausa, “a avaliação clínica é a base. Não existe exame que diagnostique estresse.”
Entre os exames que podem auxiliar na investigação estão:
- Dosagem de prolactina.
- Avaliação da função tireoidiana com TSH e T4.
- Dosagem de testosterona, androstenediona e DHEA, em casos de suspeita de SOP.
- Ultrassom transvaginal, com a ressalva de que o aspecto micropolicístico isolado não confirma SOP.
Impactos Sistêmicos das Oscilações Hormonais
Mesmo antes da menopausa completa, as flutuações hormonais características da perimenopausa já exercem influência significativa no organismo. O declínio na ovulação leva à redução da produção de progesterona, podendo resultar em predominância estrogênica, o que agrava:
- O humor e a irritabilidade.
- A qualidade do sono.
- A sensibilidade à insulina.
- O acúmulo de gordura abdominal.
É também nesse período que muitas mulheres observam os primeiros sinais de perda de densidade óssea, o que pode justificar a indicação de terapia hormonal, quando apropriada.
Estresse e Rotinas Exaustivas Podem Mimetizar Sintomas
Mulheres com rotinas intensas, viagens frequentes, privação de sono e alta carga de exigência, um perfil comum entre profissionais e figuras públicas como Ingrid Guimarães, podem experimentar alterações menstruais que se assemelham aos sintomas da perimenopausa. O Dr. Padovesi aponta que “a privação de sono e o estresse crônico afetam diretamente o eixo hormonal e podem desorganizar o ciclo.”
Quando a Reposição Hormonal é Considerada?
A terapia de reposição hormonal (TRH) possui uma janela de oportunidade ideal para sua introdução, que abrange:
- O início dos sintomas da perimenopausa.
- A fase de transição da perimenopausa.
- Até dez anos após a menopausa.
- Preferencialmente antes dos 60 anos.
As indicações formais para a TRH incluem:
- Ondas de calor e suores noturnos.
- Perda de massa óssea.
- Síndrome geniturinária (ressecamento, dor e sintomas urinários).
- Menopausa precoce (antes dos 40 anos), situação em que o tratamento é fundamental.
O especialista reitera que a avaliação é sempre individualizada, considerando a natureza flutuante e irregular dos sintomas, conforme relatado pela própria Ingrid Guimarães.