O ator Victor Fasano, conhecido por seus papéis de destaque na televisão brasileira, moveu uma ação judicial contra a Rede Globo. A disputa gira em torno da exibição da novela “O Clone”, sucesso de Gloria Perez originalmente veiculado em 2001, no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da emissora. Fasano, aos 67 anos, alega que seu contrato de trabalho original não contemplava a exploração da obra em mídias digitais ou canais pagos, exigindo assim uma compensação financeira.
Na aclamada trama, Fasano deu vida a Tavinho, um executivo cuja vida era marcada pela vigilância constante de sua esposa ciumenta, Lidiane, interpretada por Beth Goulart. O ponto central da reivindicação do ator é que a Globo passou a disponibilizar “O Clone” em novas plataformas, como o Globoplay Novelas e o Canal Viva, sem que houvesse uma remuneração adicional pelo uso de sua imagem e de outros artistas envolvidos na produção.
A ação, protocolada em junho de 2025 pela empresa Paisagem Comércio Vídeo Foto, pertencente ao ator, questiona os termos contratuais firmados há mais de duas décadas. Segundo os documentos apresentados, o acordo inicial não previa a exibição em serviços de streaming nem em canais de assinatura pagos. Amparado por sua equipe jurídica, Fasano busca um reconhecimento financeiro diante do cenário atual, onde produções televisivas antigas ganham nova vida e público através da internet.
O argumento central na ação judicial reside na ausência de cláusulas específicas que abordassem o licenciamento para streaming ou canais pagos nos contratos originais. A defesa de Fasano sustenta que a veiculação no Canal Viva e no Globoplay configura um licenciamento indevido, e não meras reprises, visto que envolvem modelos comerciais distintos daqueles vigentes na época da gravação da novela.
Victor Fasano enfatiza que a Globo sempre cumpriu rigorosamente os acordos firmados para a exibição em TV aberta. No entanto, ele ressalta que nunca houve negociação de valores para a exploração da obra em plataformas digitais, o que, em sua visão, representa uma brecha explorada sem a devida compensação aos artistas. Em declarações ao jornalista Lucas Pasin, do Metrópoles, o ator afirmou: “A Globo sempre me pagou tudo normalmente, sempre. Claro, baseada nos contratos de imagem firmados com cada profissional anteriormente. Porém, desde o Canal Viva/Globoplay Novelas e no streaming, não há pagamento pelo uso da minha imagem ou de qualquer outro ator. Essa utilização nunca foi prevista anteriormente.”
Fasano considera injusta a exploração comercial da novela em novas mídias sem que haja uma nova negociação. “Sendo assim deveria gerar um novo pagamento, pois é injusta uma nova exploração comercial sem pagamento aos artistas. É importante que isso fique claro. Estão usando imagem de todos os atores nessas novas plataformas sem sequer pedir permissão aos que detêm o direito à imagem.”, declarou o ator.
Esta disputa evidencia uma lacuna comum em contratos elaborados antes da ascensão dos serviços de streaming. O caso pode estabelecer um precedente importante para outros artistas que participaram de novelas clássicas e que agora veem suas obras sendo redistribuídas em novos formatos, sem qualquer participação nos lucros dessa exploração digital. O Judiciário terá a responsabilidade de decidir se a emissora deverá atualizar seus contratos e rever a remuneração dos intérpretes de títulos icônicos como “O Clone”.