O humorista Rafinha Bastos, conhecido por seu estilo irreverente e perspicaz, tem colecionado destaques internacionais. Recém-celebrado por seu aniversário de 49 anos, o artista compartilhou com a coluna Fábia Oliveira reflexões sobre sua carreira em expansão, os desafios da paternidade e os planos audaciosos para o futuro, que incluem a conquista do mercado de língua espanhola.
Com o olhar atento da renomada publicação Deadline, que o incluiu em uma lista seleta de comediantes promissores para 2026, Bastos se destaca como o único não americano a figurar na seleção. Essa projeção internacional, que o leva a dividir o tempo entre Brasil e Estados Unidos, é vista pelo comediante como um marco importante não apenas para sua trajetória, mas também para outros talentos estrangeiros que buscam espaço no competitivo cenário americano.
Em uma conversa franca e bem-humorada, Rafinha relembrou a recepção calorosa de amigos em sua festa de aniversário no Brasil, que, em sua visão, foi uma celebração genuína de sua identidade. “Meus amigos colocaram suas piores roupas para homenagear os meus figurinos diários. Isso tá muito errado. A pessoa chega de viagem e é ridicularizada dentro da própria casa. Resumindo: foi o melhor aniversário que eu poderia ter”, brincou.
Sobre o reconhecimento da Deadline, Bastos expressou satisfação e atribuiu o feito à qualidade do trabalho, descartando fatores como popularidade ou número de seguidores. “Essa lista é totalmente baseada na qualidade do trabalho. Não tem a ver com popularidade, tamanho de redes sociais, nada disso. Então, pelo jeito, estou trabalhando direitinho”, pontuou.
A construção de uma audiência global, capaz de transcender fronteiras culturais e linguísticas, é um dos trunfos que Rafinha Bastos destaca em sua carreira. “Por causa do meu sotaque e das histórias que eu conto, consegui uma proeza rara: construí uma audiência global que vai além dos Estados Unidos. É muito difícil encontrar um comediante que consiga se comunicar com o público do Missouri e do Marrocos. Aconteceu totalmente sem querer, mas hoje eu tiro vantagem disso”, explicou.
Olhando para o futuro, o humorista revelou anseios pessoais e profissionais. “Adoraria tirar esse aparelho dentário da minha boca. Isso seria maravilhoso. Quero também construir uma carreira em espanhol. Já comecei a dar os primeiros passos agora em 2025 e pretendo trabalhar mais nisso no ano que vem”, declarou.
Ao ser questionado sobre conselhos para o jovem Rafinha dos anos 90, o comediante demonstrou sabedoria e um toque de autocrítica, recomendando o uso de aparelho dentário mais cedo para evitar um sorriso considerado inadequado para a idade adulta. “Rafinha, esse emprego aí vendendo camisetas do lado do guarda-volumes do supermercado Zaffari é passageiro. Tem coisa melhor vindo, fica tranquilo. Outra coisa: põe aparelho dentário agora. Você não vai querer ser um senhor de quase 50 anos com sorriso de 12, né?”, disse.
A paternidade é outro pilar importante na vida de Bastos. Ele descreve seu relacionamento com o filho Tom, de 15 anos, como uma parceria, marcada por debates acalorados sobre música e uma postura paternal mais permissiva devido à sua própria adolescência. “Esse carinha é simplesmente a melhor coisa que aconteceu na minha vida. É meu parceiro. E agora está ouvindo rap… Então, ele tá mais legal ainda. Temos grandes debates sobre o tema Drake x Kendrick Lamar”, comentou.
Sobre a dinâmica familiar com a esposa Vivi Tomasi Paiva, com quem se casou em 2020 em uma cerimônia civil discreta devido à pandemia, Rafinha exalta o apoio dela em sua carreira, especialmente na transição para o humor em outras línguas. “Nossa… minha mulher me ajuda demais. Não só me ajuda com opiniões, como ajuda com piadas mesmo. Ela fala inglês, espanhol e italiano fluentemente. Então, essa minha transição para fazer comédia em outra língua tem muito o dedo dela”, revelou.
O comediante também abordou a complexidade de construir uma carreira nos Estados Unidos como estrangeiro, enfatizando a necessidade de “cavar o próprio lugar”. Ele expressou gratidão por estar abrindo caminhos e a esperança de inspirar outros comediantes internacionais. A logística de sua vida entre Brasil e EUA foi descrita com bom humor, pedindo apoio de companhias aéreas para voos mais confortáveis.
Para o encerramento do ano, Rafinha Bastos expressou o desejo de um fim de ano tranquilo em casa, longe das viagens constantes que marcam sua rotina. “Viajar? Não! Pelo amor de Deus! Faço isso o ano inteiro. Quero sentar no meu sofá e assistir ao show do Roberto Carlos. O mesmo show. Pela 72ª vez”, concluiu, demonstrando um lado mais caseiro e nostálgico.