A atriz Beth Goulart, aos 64 anos, demonstra uma impressionante capacidade de se conectar com o público em diferentes plataformas. Com uma carreira consolidada na dramaturgia brasileira, ela currently divide sua atenção entre o sucesso estrondoso de seu monólogo “Simplesmente eu, Clarice Lispector” e sua incursão na primeira novela vertical da Globo, “Tudo Por Uma Segunda Chance”. Essa dualidade artística reflete a versatilidade da atriz em um cenário audiovisual em constante mutação.
O espetáculo dedicado à icônica escritora Clarice Lispector tem sido um fenômeno, atraindo mais de 1,3 milhão de espectadores em 294 cidades. A partir de 9 de janeiro, a peça retorna a uma temporada no Rio de Janeiro, em uma data especialmente significativa: o aniversário de Paulo Goulart, pai de Beth e um gigante da TV e do teatro brasileiro. A reestreia se torna, assim, uma homenagem à memória, à arte e ao legado familiar que moldou a trajetória da atriz.
Paralelamente ao êxito teatral, Goulart está no ar em um projeto que aponta para o futuro da teledramaturgia: “Tudo Por Uma Segunda Chance”. Esta obra pioneira da Globo se destaca por seus capítulos curtos, com até três minutos de duração, exibidos semanalmente nas redes sociais da emissora. Na trama, Beth interpreta Glória Trajano, uma figura materna intensa e passional, cujos conflitos impulsionam o desenvolvimento da história.
A Força Materna em Narrativas Verticais
Em entrevista à CARAS Brasil, Beth Goulart ressalta a potência das personagens maternas, que, segundo ela, possuem um motor dramático capaz de atravessar gerações e formatos. “Toda mãe é passional quando se trata de seu filho, é instintivo”, afirma. Sobre sua personagem, Glória Trajano, ela detalha: “Ela é uma leoa. Quer defender seu filho de alguém que tentou matá-lo. […] Com isso, impede muitas vezes a aproximação de Paula com o filho, servindo de instrumento para a vingança de Soraia”.
A atriz também comenta sobre como o formato vertical impõe uma nova dinâmica à construção dessas personagens. “A novela vertical é uma nova forma de contar uma história, priorizando a velocidade dos acontecimentos e criando curiosidade no espectador. Como cada capítulo tem no máximo três minutos, as informações chegam muito rapidamente”, explica.
Adaptação e Verdade na Era Digital
Beth Goulart encara o novo formato como um desafio estimulante, que exige adaptação sem comprometer a qualidade da interpretação. Para ela, atuar em capítulos tão concisos demanda objetividade e precisão. “Fiquei muito feliz de participar da primeira novela vertical da Globo. É um produto novo, em que a casa está investindo bastante para fidelizar um novo público”, declara.
Ela acrescenta que a atuação precisa ser mais direta, “adaptando nosso trabalho à velocidade do produto sem perder a qualidade”. A veterana, acostumada a cenas mais longas, compara: “Eu sou de um tempo em que uma cena poderia durar quatro páginas de texto. Hoje, um capítulo inteiro tem quatro páginas”.
Apesar das mudanças, a atriz assegura que sua entrega artística permanece inalterada. A verdade da cena, para Beth Goulart, continua sendo o elemento essencial para tocar o público, independentemente das transformações na forma de contar histórias. Na sua visão, as novelas verticais representam uma evolução na maneira de consumir conteúdo, promovendo maior proximidade e interação com o espectador. “É sinal dos tempos, essa proximidade com o público cria também uma interação maior”, pontua.
Conectando Gerações e Ampliando Possibilidades
Beth Goulart acredita que “Tudo por Uma Segunda Chance” funciona como uma ponte entre o público tradicional das novelas e a nova geração, habituada a um consumo rápido de conteúdo digital. “Acredito que aproxima gerações, sim. A nova geração não tem a mesma relação afetiva com as novelas como as gerações mais experientes, então pode ser uma forma de engajá-los”, observa.
Ela reforça que o formato vertical não substitui o tradicional, mas sim amplia as possibilidades de alcance. “As novelas verticais também agregam o público das novelas tradicionais, porque são bem-feitas e emocionantes. Uma fortalece a outra”, conclui.
Sobre o impacto de sua personagem, Beth expressa o desejo de “que sintam com ela as emoções de um bom personagem”. A atriz percebe a curiosidade do público em relação aos desdobramentos da trama, o que considera um indicativo de uma boa narrativa.