A atriz Flávia Alessandra utilizou suas redes sociais recentemente para abordar um tema que afeta muitas mulheres: a menopausa. Em um vídeo, ela relatou ter descoberto que estava entrando nessa fase da vida ao se deparar com um sintoma inesperado: a insônia.
“Eu comecei a ter uma insônia e falei ‘Que isso? Nunca tive insônia. O que está acontecendo?’”, compartilhou a atriz, expressando a surpresa com os primeiros sinais da condição.
Mas será que a insônia é, de fato, um indicativo da menopausa? A ginecologista Beatriz Tupinambá confirma que sim, e explica que este é um dos sintomas mais frequentes e, muitas vezes, o mais precoce.
Segundo a médica, a insônia está diretamente ligada à diminuição dos níveis de progesterona, um hormônio que começa a declinar consideravelmente antes mesmo da chegada da menopausa. “É um dos primeiros hormônios a apresentarem queda. Então, esse hormônio tem papel direto na regulação do sono, na qualidade do sono, regula o nosso sistema nervoso, controla a ansiedade e a alteração de humor. Esse hormônio é muito importante para tudo isso”, detalha Beatriz.
Com o avanço do climatério (período que antecede a menopausa), a queda do estradiol também se intensifica. Nesse estágio, a insônia pode vir acompanhada de ondas de calor noturnas, crises de ansiedade e despertares frequentes devido aos fogachos. “Isso acaba desencadeando também alteração do nosso ciclo circadiano, fragmenta esse sono, reduz essa qualidade, então você passa a acordar com um sono não reparador, mesmo que você tenha dormido a noite inteira, mas você acorda cansada. E isso é muito indicativo de climatério e menopausa”, acrescenta a especialista.
A ginecologista ressalta que os sintomas da menopausa vão muito além dos famosos fogachos, podendo ultrapassar 70 manifestações catalogadas. Entre elas, destacam-se suores noturnos, alterações de humor, irritabilidade, diminuição da libido e outros. “Ao todo, são mais de 70 sintomas catalogados, então a menopausa não se resume só ao fogacho, ele afeta todos os nossos sistemas”, afirma.
Flávia Alessandra também comentou sobre a falta de informação que historicamente rodeia o tema. “Que bom que de dois anos pra cá, passamos a falar de menopausa, os sintomas vieram à tona, porque na minha cabeça eram só os calores. Mas não! É uma série de sintomas que a menopausa pode ter”, ponderou.
Beatriz Tupinambá corrobora que a menopausa sempre foi um tabu, pouco discutido, inclusive em ambientes médicos, o que contribui para a desinformação feminina. “A gente tinha esse preconceito que era o fim da vida, o fim da vida sexual da mulher, o fim da vida ativa da mulher. Mas não, hoje em dia a gente sabe que é apenas o fim da vida reprodutiva, mais nada”, explica. Ela aponta a falta de educação em saúde feminina ao longo da vida como um fator que perpetua a ideia equivocada de que os sintomas da menopausa são normais e devem ser suportados.
A especialista enfatiza a importância de buscar informações confiáveis, como as fornecidas por ginecologistas com especialização em menopausa e climatério, conteúdos educativos em redes sociais de profissionais atualizados e livros. “A busca por profissionais comprometidos com a informação baseada em ciência e em evidências é fundamental!”, ressalta.
Para se preparar para a menopausa, Beatriz aconselha não esperar os sintomas se tornarem intensos. Com o conhecimento adequado, é possível identificar rapidamente os sinais do climatério e da menopausa. “Você deixa de achar os sintomas normais e busca tratamento para resolver. O conhecimento faz toda a diferença na vida. Então, a menopausa tem que ser encarada realmente como uma fase natural da vida, mas que tem que ser vivida com qualidade”, conclui.
Ela finaliza recomendando a adoção de hábitos saudáveis, como cuidar do sono, da alimentação, da saúde emocional e praticar atividade física, além de manter um acompanhamento médico regular. “O tratamento individualizado, hormonal ou não, ajuda a prevenir e aliviar bastante esses sintomas e proteger a sua saúde a longo prazo. O tratamento da menopausa começa muito antes da menopausa. Isso é importante ficar bem claro”, reforça.