Em meio à repercussão da prisão de seu irmão, Rodrigo Radenzév Simões Moreira, na última segunda-feira (8), em São Pedro (SP), Roger Moreira, filho adotivo do icônico apresentador Cid Moreira, divulgou uma carta aberta. O desabafo, enviado ao jornalista Arthur Pires, do LeoDiasTV, busca contextualizar a trajetória familiar, marcada por abandono e ausência afetiva, sem, contudo, justificar crimes ou violências.
Roger inicia o texto afirmando que sua intenção não é legitimar atos ilícitos, mas sim oferecer um panorama de histórias que, segundo ele, se originam em dinâmicas familiares complexas e anteriores aos fatos recentes. “Escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete”, declarou.
Na carta, Roger descreve Cid Moreira como uma figura profissionalmente admirada, porém distante no âmbito familiar. “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, pontuou.
Ao se referir a Rodrigo, o filho de Cid relata que o irmão biológico do apresentador teria sido abandonado pelo pai ainda na infância. “Rodrigo, filho biológico, fruto de um relacionamento extraconjugal, foi abandonado pelo pai ainda criança, por volta dos três anos de idade. Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado”, escreveu Roger, ponderando que o abandono pode ser um fator para comportamentos autodestrutivos, embora não isente o indivíduo de responsabilidades.
A carta também aborda as histórias de outros familiares, como Jaciara, filha de Odimeia, e seu filho Alexandre, detalhando episódios de rejeição, problemas de saúde mental e morte prematura, atribuindo tais desfechos à ausência emocional e ao preconceito dentro do núcleo familiar.
Roger relata sua própria experiência como filho adotivo, afirmando que sua relação com Cid Moreira foi condicionada a expectativas e padrões. “Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito. Quando quis viver minha própria vida, assumir quem sou, amar, existir fora do controle dele, passei a ser rejeitado”, desabafou.
Sobre a prisão de Rodrigo, acusado de tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo após ameaçar a ex-mulher, Roger expressa tristeza, mas não surpresa. “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda”, escreveu, ressaltando que “nada justifica a agressão a uma mulher”, mas que a compreensão das origens não equivale à relativização de crimes.
Em um trecho final, Roger reitera seu apoio ao irmão. “Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais”, declarou, argumentando que se afastar agora seria perpetuar o abandono vivenciado ao longo da vida. “Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, concluiu.
A carta encerra com uma reflexão sobre o impacto do abandono emocional: “Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”. A íntegra do desabafo foi publicada posteriormente.