A atriz Sthefany Brito, ao confirmar sua segunda gestação, gerou burburinho nas redes sociais. Mais do que a notícia em si, foi a honestidade da artista ao revelar estar em um mês avançado e enfrentar “sintomas bem puxados” que ressoou com inúmeras mulheres. O relato, desprovido de idealizações, serviu como um catalisador para a discussão sobre os desafios emocionais e físicos que a gravidez pode impor, muitas vezes ocultos sob uma camada de expectativas irreais.
Em entrevista à nossa reportagem, a psiquiatra Dra. Luana Carvalho, com especialização em saúde mental materna, validou a importância de dar voz a essas experiências. “Nem toda gravidez é cor-de-rosa e tudo bem falar sobre isso”, enfatiza a médica, corroborando a visão de que o período gestacional é marcado por intensas transformações.
Dra. Luana explica que o desgaste emocional durante a gestação é mais prevalente do que se costuma admitir. “A gestação é um período de intensas transformações hormonais, físicas e de identidade. É absolutamente normal que algumas mulheres vivam fases difíceis, com cansaço extremo, sensibilidade aflorada e uma avalanche de emoções”, detalha a especialista. Ela ressalta que a transparência de figuras públicas como Sthefany Brito é fundamental para desmistificar a maternidade, combatendo a pressão para que as gestantes se sintam felizes o tempo todo. “Nomear o que se sente é o primeiro passo para um cuidado mais integral”, complementa.
Quando o Desconforto se Torna um Sinal de Alerta?
A psiquiatra alerta que a persistência ou a intensidade dos sintomas emocionais podem indicar a necessidade de intervenção profissional. “Quando a mulher percebe que o sofrimento emocional está atrapalhando o sono, a rotina, os relacionamentos ou a capacidade de sentir prazer nas atividades, é hora de procurar ajuda. Ansiedade intensa, tristeza frequente, irritabilidade acentuada e sensação de sobrecarga podem ser sinais importantes”, adverte Dra. Luana. Ela ainda aponta que até 20% das gestantes podem enfrentar algum transtorno mental, e que isso não está relacionado à força ou vontade individual.
Impacto em Cadeia: Mãe, Bebê e Pós-Parto
O bem-estar mental da gestante transcende sua própria saúde, influenciando diretamente o desenvolvimento do bebê. “Problemas emocionais não tratados podem aumentar o risco de parto prematuro, dificultar a amamentação e até interferir no vínculo inicial com o bebê. Quanto mais cedo olharmos para a saúde mental da gestante, melhor para toda a família”, explica a médica. A vulnerabilidade emocional, segundo Dra. Luana, pode se acentuar no pós-parto, tornando o monitoramento ainda mais crucial para mulheres que já apresentaram sintomas significativos durante a gestação.
Estratégias de Bem-Estar Durante a Gestação
Para mitigar os desafios, a especialista recomenda um acompanhamento psicológico contínuo, o fortalecimento da rede de apoio, a garantia de descanso adequado, um diálogo aberto com o obstetra e, quando necessário, uma avaliação psiquiátrica. “Existem tratamentos seguros para a gestação. A mulher não precisa passar por isso sozinha nem acreditar que ‘é normal sofrer’. Saúde mental materna é saúde materna”, reforça Dra. Luana.
O Poder da Conversa e do Acolhimento
Ao comentar a abertura da atriz, Dra. Luana destaca o valor dessas partilhas. “Quando uma figura pública compartilha que está passando por uma fase difícil, outras mulheres se sentem menos sozinhas. Isso é valioso. A maternidade é potente, mas também é desafiadora, e está tudo bem pedir ajuda”, conclui.