A psicóloga e coreógrafa Lili De Grammont, filha do cantor Lindomar Castilho, conhecido por sucessos do brega como ‘Você é doida demais’, utilizou as redes sociais para fazer um desabafo público após a morte do pai, aos 85 anos, neste sábado. O artista foi condenado no início da década de 1980 pelo assassinato de sua ex-esposa e mãe de Lili, a cantora Eliane de Grammont, então com 25 anos. O crime ocorreu durante uma apresentação em São Paulo.
Lindomar Castilho foi sentenciado a 12 anos de reclusão e cumpriu parte de sua pena, sendo liberado em 1996. Durante o período em que esteve preso, chegou a gravar um álbum intitulado “Muralhas da solidão”.
Em uma carta aberta direcionada ao pai, Lili De Grammont abordou o perdão e expressou que o cantor “morreu em vida” no momento em que tirou a vida de sua mãe. Ela também manifestou o desejo por uma “segunda chance” em relação ao relacionamento com o pai.
Em suas palavras, Lili refletiu sobre a finitude humana e a busca por evolução, declarando: “Meu pai partiu! E como qualquer ser humano, ele é finito, ele é só mais um ser humano que se desviou com sua vaidade e narcisismo. E ao tirar a vida da minha mãe também morreu em vida. O homem que mata também morre. Morre o pai e nasce um assassino, morre uma família inteira.”
Ela prosseguiu com a reflexão sobre a condição humana, ressaltando: “O que fica é: Somos finitos, nem melhores e nem piores do que o outro, não somos donos de nada e nem de ninguém, somos seres inacabados, que precisamos olhar pra dentro e buscar nosso melhor, estar perto de pessoas que nos ajudem a trazer a beleza pra fora e isso inclui aceitarmos nossa vulnerabilidade.”
Ao se despedir do pai, Lili afirmou ter feito a sua parte “com dor sim, mas com todo o amor que aprendi a sentir e expressar nesta vida”. Sobre a questão do perdão, ela declarou que a resposta não é um simples “sim ou não”, mas sim um processo que “envolve tudo e todas as camadas das dores e delícias de ser, um ser complexo e em evolução.”
A filha do cantor manifestou o desejo de cura para a alma do pai e que sua “masculinidade tóxica tenha sido transformada”. Concluindo sua mensagem, escreveu: “Pai, tudo é fugaz, não somos donos de nada e nem de ninguém. O que fica é a essência! O que fica é o religar, das almas que se conectam. O poder exige responsabilidade. Escolha sua melhor parte! Somos luz e sombra, tenha coragem de escolher sua luz.”
Lili finalizou com a certeza de que a vida é uma passagem e o tempo é curto para não ser verdadeiramente feliz, o que, para ela, significa “olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre”. A carta encerra com um desejo de descanso para o pai e que Deus o receba com amor, expressando a esperança de uma “segunda chance”.