O aguardado terceiro capítulo da épica jornada em Pandora, intitulado “Avatar: Fogo e Cinzas”, chega aos cinemas nesta quinta-feira (18/12), prometendo o espetáculo visual e a carga emocional que os fãs esperam. O filme serve como um ponto de encerramento para o arco narrativo atual da saga, que terá uma pausa considerável, com novas sequências previstas apenas a partir de 2029. James Cameron, em sua característica abordagem grandiosa, entrega mais uma obra com cerca de três horas de duração, comparável em sua estrutura narrativa a produções de sucesso da Marvel e contos de princesas da Disney.
A trama retoma a história da família Sully em um momento de relativa paz junto ao povo da água, após os eventos turbulentos do filme anterior. No entanto, uma nova ameaça surge, forçando os protagonistas a uma nova jornada por Pandora. Essa movimentação os coloca em rota de colisão com um recém-apresentado clã Na’vi: o “povo das cinzas”, introduzindo um novo conflito na mitologia do planeta.
Diferentemente do filme anterior, onde a interação entre os povos do céu e da água foi central, o “povo das cinzas” assume um papel mais secundário, com detalhes sobre sua cultura e motivações apresentados de forma mais concisa. Eles são retratados como um povo mais rústico e se aliam ao antagonista, o Coronel Quaritch.
A decisão de James Cameron em condensar alguns desenvolvimentos e resoluções pode ser vista como uma estratégia para gerenciar a extensa duração do filme. Com mais de 190 minutos, a obra se estende consideravelmente. Um ponto a ser elogiado é o abandono de explicações excessivamente detalhadas, adotando um tom mais direto e semelhante ao de uma novela, o que contribui para a fluidez da narrativa.
Apesar da duração, “Avatar: Fogo e Cinzas” demonstra habilidade no controle do ritmo. A sucessão de deslocamentos, capturas, separações e confrontos é conduzida com uma fluidez que facilita a compreensão e mantém o espectador engajado.
A obra também se destaca por abordar temas contemporâneos. A introdução de armas de fogo ao “povo das cinzas” e a subsequente rejeição à pólvora pelo povo da água levantam questões interessantes, embora de forma sutil. Paralelamente, os dilemas morais e raciais enfrentados por Spider, o humano da família Sully, e pelo Coronel Quaritch, adicionam camadas de reflexão.
No aspecto visual, a obra mantém o padrão elevado de “Avatar”, embora a novidade do realismo gráfico não cause o mesmo impacto de outrora. Os efeitos visuais são deslumbrantes, mas em certos momentos, a experiência pode remeter a um videogame de alta qualidade. A cena de batalha final, com sua grandiosidade envolvendo naves, criaturas e fenômenos naturais, evoca a escala épica vista em “Vingadores: Ultimato”, oferecendo um espetáculo para os amantes de ação.
“Avatar: Fogo e Cinzas” desempenha um papel crucial na saga, concluindo o ciclo iniciado em 2009 e dando continuidade ao desenvolvimento iniciado em “Avatar: O Caminho da Água”. Embora possa não ter o mesmo impacto avassalador de um capítulo de reinvenção, a qualidade se mantém, especialmente por não tentar reeditar fórmulas.
Em meio a desfechos, amarrações de pontas soltas e a introdução de novos personagens, o filme consegue encerrar dignamente esta fase da franquia, entregando uma narrativa densa e repleta de ação, com visuais impressionantes e um melodrama bem construído. Para os aficionados pela saga, representa um marco importante. Para o público em geral em busca de entretenimento, a promessa é cumprida. Recomenda-se aproveitar as melhores salas de cinema para esta experiência garantida.
Nota: 7,0