A aguardada terceira incursão no universo de Pandora, intitulada ‘Avatar: Fogo e Cinzas’, chega aos cinemas nesta quinta-feira (18/12), cumprindo a promessa de um espetáculo visual e emocional. O filme serve como um ponto de encerramento para o arco narrativo iniciado em 2009, com novas sequências previstas apenas a partir de 2029. James Cameron, em mais uma produção de longa duração, entrega uma narrativa que mescla a grandiosidade característica da franquia com elementos de melodrama, remetendo ao estilo de grandes sagas cinematográficas.
‘Avatar: Fogo e Cinzas’ retoma a história da família Sully em um período de relativa paz com o povo do mar, após os eventos do filme anterior. Contudo, uma nova ameaça emerge, forçando os protagonistas a uma jornada por Pandora que culmina em um confronto com uma nova tribo Na’vi: o ‘povo das cinzas’.
Diferentemente do segundo capítulo, onde a interação entre os clãs aquáticos e celestes era central, os ‘povos das cinzas’ têm uma participação mais secundária neste filme. Sua mitologia, costumes e motivações são apresentados de forma concisa, configurando-os como antagonistas que se aliam ao Coronel Quaritch.
Essa abordagem mais direta na resolução de conflitos e na apresentação de elementos da trama permitiu a James Cameron otimizar a duração do filme, que ultrapassa as três horas. A decisão de simplificar explicações excessivas, em favor de um ritmo mais dinâmico, assemelha-se à estrutura de uma novela televisiva, o que, para a experiência do espectador, é um ponto positivo.
Um dos méritos de ‘Avatar: Fogo e Cinzas’ reside na condução do ritmo. Apesar da multiplicidade de deslocamentos, embates e separações que compõem a trama, a narrativa flui de maneira coesa, tornando a experiência envolvente e de fácil acompanhamento.
O longa também merece destaque pela abordagem de temas contemporâneos. A introdução de armas de fogo ao ‘povo das cinzas’ e a subsequente rejeição à pólvora pelo povo da água provocam reflexões sobre o uso da tecnologia e suas consequências. Paralelamente, os dilemas morais e raciais vivenciados por Spider, o humano criado entre os Na’vi, e pelo Coronel Quaritch, adicionam camadas à narrativa.
Apesar do avanço tecnológico da franquia em busca do realismo visual, em ‘Avatar: Fogo e Cinzas’, os efeitos gráficos, embora impressionantes, podem não atingir o mesmo nível de impacto de produções anteriores ou de concorrentes atuais. Em certos momentos, a qualidade visual evoca a experiência de um videogame. A sequência de batalha final, com sua magnitude e diversidade de elementos, remete a cenas épicas de outros blockbusters, oferecendo um espetáculo para os fãs de ação.
O filme desempenha um papel crucial ao concluir o primeiro ciclo da saga ‘Avatar’, dando continuidade à narrativa estabelecida em ‘O Caminho da Água’. Embora a responsabilidade de fechar esta etapa possa ter diluído parte do impacto individual, a qualidade geral se mantém, especialmente pela ausência de tentativas de reinventar a fórmula.
‘Avatar: Fogo e Cinzas’ consegue, em meio a resoluções e introduções, encerrar dignamente esta fase da história. O filme entrega um drama de ação envolvente, com visuais deslumbrantes e um melodrama bem construído. Para os admiradores da franquia, representa um marco significativo. Para o público em geral, é uma experiência de entretenimento garantida, recomendada para ser apreciada na melhor sala de cinema disponível.
Nota: 7,0