A equipe jurídica do médico Gabriel Almeida divulgou nesta quinta-feira (27) um comunicado oficial refutando informações veiculadas a respeito de uma operação da Polícia Federal realizada no mesmo dia. A defesa alega que o profissional não se dedica à fabricação, manipulação ou rotulagem de medicamentos e que a investigação em curso se restringe a questões de propriedade intelectual, sem qualquer relação com a saúde pública.
No documento, divulgado em plataformas de mídia social, os advogados destacam que Dr. Gabriel Almeida atua como médico, escritor e palestrante, e que sua interação com a tirzepatida – princípio ativo de medicamentos como o Mounjaro – é de natureza exclusivamente científica e acadêmica. A nota enfatiza que o médico exerce sua liberdade de cátedra ao analisar estudos internacionais sobre a substância.
A defesa esclarece que o debate público promovido por Almeida aborda as diferenças entre o medicamento de referência e suas versões manipuladas, incluindo vantagens e desvantagens de cada um. A manifestação considera um “erro grave de interpretação” a confusão entre discussões científicas e atividades comerciais ilícitas.
Os representantes legais do médico ressaltam que a Polícia Federal não levantou acusações de falsificação ou adulteração contra nenhum dos investigados. Segundo a nota, o inquérito se concentra unicamente em uma possível infração de patente relativa ao princípio ativo da tirzepatida.
O comunicado também pontua que a manipulação da substância em questão está em conformidade com a Nota Técnica 200/2025 da Anvisa e com o artigo 43 da Lei 9.279/96, caracterizando a prática como legal e autorizada. A defesa reitera que o papel de Almeida se limita à prescrição médica, cabendo ao paciente a escolha do local de aquisição dos fármacos.
A equipe jurídica expressou surpresa com as medidas cautelares adotadas, afirmando que o médico mantém uma atividade profissional lícita, possui residência fixa e sempre se colocou à disposição das autoridades. Adicionalmente, foi mencionado que Almeida entregou voluntariamente seus dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, para fins de perícia.
A nota finaliza esclarecendo que a operação consistiu em mandados de busca e apreensão, sem qualquer restrição à liberdade do investigado. Os advogados criticaram o que chamaram de “julgamento midiático antecipado” e reiteraram que a conduta profissional de Gabriel Almeida sempre priorizou o bem-estar dos pacientes.
Gabriel Almeida é uma figura conhecida nas redes sociais, onde acumula quase 750 mil seguidores. Ele possui consultório na Avenida Brasil, em São Paulo, e lidera o Núcleo GA, clínica com unidades também na Bahia e em Pernambuco. Sua popularidade se consolidou através de conteúdos sobre a tirzepatida, utilizada no tratamento de diabetes e obesidade. Almeida também se apresenta como escritor, palestrante e educador de outros médicos, com publicações focadas em emagrecimento.
Em seus perfis digitais, Almeida compartilha vídeos analisando os efeitos da tirzepatida e comentando pesquisas recentes sobre seu uso em diferentes contextos, incluindo potenciais aplicações na redução de vícios. Apelidado nas redes como “Médico das Celebridades”, ele já atendeu e posou para fotos com personalidades como Léo Santana, Lore Improta, Ronaldo Fenômeno, Sabrina Sato, Nicolas Prattes e Franciny Ehlke.
A Polícia Federal, por meio da Operação Slim, investiga um grupo suspeito de fabricar e distribuir tirzepatida de forma clandestina. Segundo a corporação, os envolvidos teriam montado uma estrutura ilegal para envase, rotulagem e distribuição, operando sem os devidos controles de qualidade e condições sanitárias. Os produtos eram supostamente comercializados em plataformas digitais, sem rastreabilidade ou garantia de esterilidade, com o uso de marketing para induzir o público a acreditar na legalidade da produção.
A Operação Slim cumpre 24 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, atingindo clínicas, laboratórios e residências. A PF alega ter encontrado evidências de produção em larga escala. A ação conta com o apoio da Anvisa e de vigilâncias sanitárias estaduais, visando identificar todos os envolvidos na cadeia produtiva e recolher materiais para análise pericial e laboratorial.