O cenário artístico brasileiro amanhece enlutado com a notícia do falecimento de Haroldo Costa, figura multifacetada que transitou com maestria entre o teatro, a televisão, a escrita e, notavelmente, o universo do carnaval. O artista, que contava com 95 anos, teve sua partida confirmada pela família na noite de ontem, através de uma publicação nas redes sociais do próprio Haroldo. Detalhes sobre o velório serão divulgados posteriormente pelos familiares.
Nascido no Rio de Janeiro, Haroldo Costa construiu uma carreira sólida e diversificada. Na Rede Globo, atuou como diretor de musicais e também exerceu a função de jurado em programas de auditório. Sua trajetória no teatro teve início no Teatro Experimental do Negro, onde estreou na peça “O Filho Pródigo”, de Lúcio Cardoso, e seguiu com participações em montagens icônicas como “Orfeu da Conceição”.
Como escritor, Haroldo Costa deixou um legado de obras que exploram a cultura brasileira, com destaque para títulos como “Fala Crioulo”, “Salgueiro: Academia de Samba”, “100 anos de Carnaval no Rio de Janeiro”, “As Escolas de Lan”, “Salgueiro – 50 anos de Glória” e “Ernesto Nazareth – Pianeiro do Brasil”. Sua atuação se estendeu também às telonas, com a direção de filmes, e à televisão, onde participou de cerca de 15 novelas. Em 2015, sua vida e obra foram celebradas no documentário “Haroldo Costa – O Nosso Orfeu”, dirigido por Silvio Tendler.
A Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, agremiação da qual Haroldo Costa era um membro proeminente e entusiasta, expressou profunda consternação pela perda. Em nota oficial, a escola o definiu como um dos pilares vivos da história do Salgueiro, um “salgueirense de alma inteira” que não apenas viveu a escola, mas a ajudou a construir, registrar e eternizar. A agremiação ressaltou sua importância como intelectual, memória viva, guardião da história do samba e defensor da cultura afro-brasileira. A nota enfatizou que, através de suas obras, Haroldo deu palavra, contexto e dignidade à história do samba e do carnaval, especialmente ao Salgueiro. Foi descrito como um pesquisador incansável, escritor essencial, ator, diretor, jornalista, produtor e conferencista, um intelectual negro que honrou suas raízes e sua missão de defender a cultura popular brasileira. O Salgueiro lamentou a perda de um homem, mas celebrou a certeza de que sua obra, voz e legado são eternos, comparando-o ao “Orfeu Negro” que cantou a história com profundidade e consciência. A escola se curvou em respeito e agradeceu pela memória de Haroldo Costa, garantindo que o samba que ele ajudou a proteger continuará a cantar seu nome.