Em um ato de apoio ao pai e ao marido, a influenciadora Kamylinha Santos, de 19 anos e grávida de seu primeiro filho, liderou neste sábado (6) uma manifestação em frente ao presídio Roger, em João Pessoa (PB). O protesto pedia a libertação de Hytalo Santos e de Israel Nata Vicente, ambos influenciadores e detidos desde 15 de agosto sob acusações de exploração sexual de menores. Após o evento, Kamylinha compartilhou em suas redes sociais uma carta manuscrita enviada por Hytalo.
Na missiva, Hytalo Santos alega inocência e afirma que as acusações carecem de “materialidade”, negando veementemente envolvimento em tráfico, exploração ou abuso. Ele descreve o impacto emocional de quase quatro meses de reclusão, expressando saudade da convivência com seus “crias” e que seu objetivo era “dar amor do seu jeito”, ainda que reconheça não ter seguido um modelo familiar tradicional. O influenciador declara estar sofrendo, mas mantém a esperança de provar sua inocência, ressaltando que apenas quem experimenta a perda da liberdade pode compreender tal dor. A carta encerra com a promessa de “resistir”, agradecimentos aos apoiadores e palavras de afeto à filha, confiante de que “a verdade vai prevalecer”.
Manifestação e Argumentos da Defesa
Kamylinha Santos classificou a situação de Hytalo como “injustiça” e convocou seguidores e apoiadores a comparecerem ao presídio com cartazes que defendiam a inocência do influenciador e o direito de “não se calar”. A jovem contesta a detenção, alegando que o caso seria motivado por preconceitos como racismo, homofobia e a criminalização de comunidades periféricas.
Em contrapartida, especialistas em direito infantil, proteção à infância e políticas de segurança apontam que o caso transcende o âmbito midiático, envolvendo denúncias sérias de exploração, tráfico e possível abuso de crianças, o que demanda rigor por parte das autoridades. A discussão reaviva o debate sobre a responsabilidade das plataformas digitais, a fiscalização de conteúdos envolvendo menores e a vulnerabilidade de jovens expostos precocemente à internet.
Relembrando o Caso
Hytalo Santos era uma figura proeminente nas redes sociais, com milhões de seguidores. Sua notoriedade vinha da reunião de jovens, muitos deles adolescentes, em sua residência, a qual ele denominava “mansão”. Estes jovens eram chamados de “crias”, “filhos” ou “genros”, e suas rotinas, festas e interações eram frequentemente filmadas e divulgadas.
Desde dezembro de 2024, o influenciador era investigado pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB) sob suspeita de exploração de crianças e adolescentes, tráfico de pessoas e produção de conteúdo considerado inadequado, como a “adultização” e sexualização de menores. O caso ganhou maior visibilidade após a análise do influenciador Felca no YouTube, que expôs práticas consideradas prejudiciais e o possível aproveitamento da vulnerabilidade social de menores para gerar engajamento.
Prisão e Medidas Judiciais
Em 15 de agosto de 2025, mandados de prisão preventiva foram executados em Carapicuíba, na Grande São Paulo, contra Hytalo Santos e Israel Nata Vicente. A Justiça determinou a suspensão de seus perfis em redes sociais, a proibição de contato com menores e a desmonetização de seus canais. Buscas e apreensões também foram realizadas em imóveis ligados aos acusados.
Apesar da detenção, a defesa de Hytalo busca reverter a situação. Recentemente, um pedido para que o influenciador concedesse uma entrevista ao jornalista Roberto Cabrini foi negado pela Justiça. A equipe de Hytalo emitiu uma nota classificando a recusa como um “ataque à liberdade de expressão” e anunciou a intenção de recorrer da decisão.