A recente prisão de Rodrigo Radenzév Simões Moreira, filho do icônico apresentador Cid Moreira, acusado de agressão pela ex-mulher, reascendeu um doloroso capítulo na história familiar. Roger Moreira, filho adotivo do jornalista, concedeu uma declaração exclusiva onde detalha um sentimento de abandono e mágoa profunda, atribuindo parte das dificuldades enfrentadas por ele e o irmão à figura paterna.
Em seu desabafo, Roger iniciou ressaltando a complexidade de abordar temas como dor, família e suas consequências. “Escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete”, afirmou.
Segundo Roger, apesar do brilho profissional de Cid Moreira, sua atuação como pai foi marcada pela ausência e distanciamento emocional. “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, disparou.
Roger descreveu a trajetória de Rodrigo, filho biológico de Cid, como marcada pelo abandono paterno desde a infância. “Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado. O abandono não desaparece com o tempo — ele se transforma. Em muitos casos, vira revolta, autodestruição, dependência química, escolhas ruins. Nada disso isenta responsabilidades individuais, mas explica origens”, ponderou.
Ainda no relato, Roger trouxe à tona a história de sua irmã, Jaciara, que, segundo ele, também foi vítima da rejeição e do preconceito paterno. “Sofreu por não se encaixar em padrões físicos e morais impostos por ele. Afundou-se no uso de drogas, teve sua saúde mental profundamente afetada e passou por sucessivas internações psiquiátricas. Sua história é um retrato cruel de como a ausência emocional pode destruir talentos e vidas”, contou.
O desabafo prosseguiu com a história de Alexandre, filho de Jaciara, que, de acordo com Roger, também sofreu com a rejeição do avô, culminando em uma morte trágica aos 21 anos. “Uma vida interrompida cedo demais, carregando o peso de rejeições que nunca deveriam ter existido”, recordou.
Roger Moreira, como filho adotivo, também se sentiu preterido. “Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito”, detalhou. Ele relatou que, ao tentar viver sua própria vida e assumir quem era, passou a ser rejeitado, com tentativas de desfazer a própria adoção. “O amor, ali, sempre foi condicionado”, garantiu.
Ao abordar a prisão do irmão, Roger expressou tristeza, mas não surpresa. “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda. Porque essas histórias não nascem do nada. Elas são frutos de abandono, rejeição, silêncio, preconceito e ausência de afeto”, pontuou.
Ele contemporizou, afirmando que nada justifica a agressão a uma mulher, mas que compreender as origens das feridas é essencial para romper ciclos. “Todos nós, filhos de Cid Moreira, carregamos sequelas gravíssimas dessa criação. Alguns não resistiram. Outros seguem lutando para não repetir a mesma história”, declarou.
Roger pediu que o caso sirva de reflexão, ressaltando que o abandono emocional é devastador, mesmo quando provém de figuras admiradas. “O silêncio também é uma forma de violência”, criticou.
O filho adotivo de Cid Moreira assegurou apoio ao irmão. “Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais. Não porque eu concorde com erros ou violências — porque não concordo —, mas porque abandoná-lo agora seria repetir exatamente a violência que o marcou a vida inteira”, analisou.
Ele argumentou que virar as costas para o irmão seria mais um abandono, algo que ele se recusa a carregar. “Meu irmão passou a vida sendo rejeitado, afastado, invisibilizado. Cresceu sem afeto, sem acolhimento, sem referência paterna”, disse.
Roger reiterou a importância da responsabilidade humana, além da individual. “Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, observou.
Ele também criticou o afastamento entre pai e filhos nos últimos anos de vida de Cid Moreira, atribuindo-o a influências externas. “Esse afastamento não aconteceu por acaso. Ele foi incentivado, alimentado e mantido por quem esteve ao lado dele no final da vida — especialmente por ela [viúva do jornalista, Fátima], pessoa que mais se beneficiou financeiramente dessa ruptura. Fala-se muito em Deus, em fé, em moral cristã. Mas que fé é essa que não promove reconciliação? Que fé é essa que não incentiva um pai a conversar com os próprios filhos, a ouvir, a acolher, a tentar compreender?”, questionou.
Roger finalizou criticando a madrasta, acusando-a de afastar pessoas e alimentar conflitos. “Eu escolho não julgar. Escolho não abandonar. Escolho não repetir a violência emocional que atravessou gerações nessa família. Ajudar meu irmão agora não é negar o que aconteceu. É tentar impedir que o abandono continue fazendo mais vítimas. Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”, concluiu.