Em meio à repercussão da prisão de seu irmão, Rodrigo Radenzév Simões Moreira, por tráfico de drogas e posse irregular de arma de fogo em São Pedro (SP), Roger Moreira, filho adotivo do icônico apresentador Cid Moreira, veio a público com uma carta emocionante. O texto, enviado ao jornalista Arthur Pires, conhecido como Tutu do Camarote da Fofoca, busca contextualizar as complexas dinâmicas familiares, marcadas, segundo ele, por abandono e distanciamento afetivo, sem, contudo, justificar atos criminosos.
Roger iniciou sua declaração enfatizando que sua intenção não é validar crimes ou violências, mas sim oferecer um panorama de trajetórias familiares que, em sua visão, foram moldadas por ausências significativas. “Escrevo não para justificar erros, crimes ou violências — porque nada disso se justifica —, mas para contextualizar histórias que começaram muito antes do que hoje vira manchete”, declarou.
Na carta, Roger descreve Cid Moreira como uma figura profissionalmente brilhante e admirada, mas que, em âmbito doméstico, apresentava um comportamento distante e, por vezes, crítico. “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, afirmou.
O filho adotivo detalhou ainda a história de seu irmão biológico, Rodrigo, que teria sido abandonado pelo pai na infância. “Rodrigo, filho biológico, fruto de um relacionamento extraconjugal, foi abandonado pelo pai ainda criança, por volta dos três anos de idade. Cresceu sem referência paterna, sem afeto, sem cuidado”, relatou Roger, ponderando que tais experiências podem influenciar comportamentos, embora não isentem o indivíduo de responsabilidades.
A missiva também fez menção a outros membros da família, como Jaciara e seu filho Alexandre, abordando episódios de rejeição, sofrimento mental e mortes prematuras, atribuindo-os, em parte, às consequências da falta de acolhimento e ao preconceito dentro do núcleo familiar.
Em sua própria narrativa, Roger descreveu sua adoção como condicionada à sua adequação às expectativas de Cid Moreira. “Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito. Quando quis viver minha própria vida, assumir quem sou, amar, existir fora do controle dele, passei a ser rejeitado”, confessou.
Sobre a prisão de Rodrigo, Roger expressou tristeza, mas não surpresa. “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda”, escreveu, reiterando que a agressão a mulheres é inaceitável, mas que a compreensão das origens não deve ser confundida com a relativização de atos criminosos.
Roger concluiu a carta reafirmando seu compromisso em apoiar o irmão neste momento de dificuldade. “Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais”, declarou, argumentando que se afastar agora seria perpetuar o abandono vivenciado por ele. “Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, finalizou, refletindo que o abandono emocional tem efeitos devastadores e que ele se recusa a ser parte desse ciclo.