A Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, iniciada neste domingo (14/12) e reforçada pela Lei nº 14.530/2023, traz à tona relatos emocionantes que incentivam a solidariedade. A reportagem do portal LeoDias conversou com doadores que testemunham o poder transformador deste gesto, destacando a história de Adilson Rodrigues da Silva, eletricista que há 15 anos doou medula para a atriz Drica Moraes.
A atriz, que celebrou recentemente os anos de recuperação após o transplante, compartilhou em redes sociais o profundo laço criado com seu doador, a quem considera um irmão. Adilson, por sua vez, expressou a satisfação em ter contribuído para a recuperação de Drica, diagnosticada com leucemia mieloide aguda. O encontro entre eles, que ocorreu cinco anos após a doação, foi marcado por grande emoção.
“Foi emocionante demais. O Redome [Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea] entrou em contato dizendo que a receptora queria me conhecer e a gente topou na hora. Fui buscar ela no aeroporto de Presidente Prudente, São Paulo. Ela conheceu minha família, minha esposa, minhas filhas… Foi tudo muito bonito. Nossa relação parecia até de irmãos”, relatou Adilson.
O eletricista descobriu a possibilidade de doação durante uma campanha em sua cidade. “Achei interessante, quis entender melhor e pensei: ‘por que não ajudar alguém?’. Fiz os exames e, alguns dias depois, me avisaram que eu era compatível com um paciente. Aí não tive dúvida: fui doar”, explicou.
Adilson descreveu o procedimento como tranquilo e mais simples do que muitas pessoas imaginam. Ele continua doando e faz um apelo: “Eu diria que é um procedimento simples e que pode salvar uma vida — e isso não tem preço. Se todo mundo soubesse como é importante e como pode fazer a diferença, muita gente doaria também”.
Outra história inspiradora é a da psicanalista Maria Isabel Medeiros de França, que recebeu de seu filho, o empresário Gabriel de França Cancela, uma nova chance de vida. Diagnosticada com leucemia mieloide aguda, Maria Isabel, de 63 anos, passou por um transplante alogênico com seu filho, que apresentou maior compatibilidade.
“Foi uma emoção inenarrável essa troca de papéis pelo novo DNA passei a ser sua filha”, comentou Maria Isabel, que está ótima 10 meses após o procedimento e retomou suas atividades. Ela ressalta a importância da terapia no processo de recuperação.
Gabriel descreveu a experiência como um misto de sentimentos. “Uma mistura de alegria, alívio e gratidão. Alegria e alívio pela possibilidade de ajudar a minha mãe e encerrar de vez o ciclo que a gente já estava vivendo há três anos com o tratamento do câncer”, disse.
Maria Isabel passou por remissões e recaídas durante o tratamento de quimioterapia, sendo o transplante a única opção. O procedimento ocorreu em fevereiro de 2025.
“E acima de tudo, uma gratidão imensa a Deus e à vida por me permitir ser esse instrumento. Ter a possibilidade de ajudar, de forma tão significativa, uma das pessoas que mais amo no mundo é algo que não tem preço”, acrescentou Gabriel.
Assim como Adilson, Gabriel também relatou a tranquilidade do procedimento. “Tudo aconteceu de maneira simples e segura. O procedimento é super tranquilo, bem diferente da tensão emocional que vem antes”, afirmou.
Para encorajar outros a doar, Gabriel enfatiza: “Eu diria que poucas coisas na vida são tão transformadoras quanto ter a chance de salvar alguém. Quando você doa sua medula, não é apenas a vida de um paciente que você impacta, é toda uma família que você abraça naquele ato”.
Ele complementou: “Por trás de cada pessoa lutando contra o câncer, existe um mundo de pessoas que amam, que sofrem e que esperam por um milagre. Todo o processo de tratamento do câncer é muito desgastante e a doação pode ser o ponto de virada. Então, quem se dispõe a doar se torna exatamente isso: um possível milagre”. Gabriel, embora ainda não possa doar novamente devido à recente doação para a mãe, expressou o desejo de continuar salvando vidas.
Como se tornar um doador: O Redome, o terceiro maior registro mundial de doadores voluntários de medula óssea, oferece informações sobre como se cadastrar. Interessados entre 18 e 35 anos devem procurar um hemocentro, apresentar documento oficial com foto, estar em bom estado de saúde, ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Uma amostra de sangue será coletada para análise de compatibilidade genética (HLA). O cadastro permanece ativo até os 60 anos, e o Redome contata o doador em caso de compatibilidade, o que pode levar anos ou não ocorrer.