Em meio à repercussão da prisão de seu irmão, Rodrigo Radenzév Simões Moreira, por acusações de agressão, Roger Moreira, filho adotivo do renomado jornalista Cid Moreira, decidiu compartilhar um desabafo contundente. Em declarações exclusivas, Roger pintou um quadro de um pai ausente e emocionalmente distante, cujas atitudes teriam marcado profundamente a vida dele e de seu irmão, gerando dor e sentimentos de abandono.
“Falar sobre dor nunca é simples. Falar sobre família, abandono e suas consequências, menos ainda”, iniciou Roger, ressaltando que seu objetivo não é justificar atos ilícitos, mas contextualizar histórias que antecedem os recentes escândalos midiáticos.
Segundo ele, Cid Moreira, embora aclamado profissionalmente, falhava em sua esfera privada. “Cid Moreira foi um homem brilhante na profissão, admirado por milhões. Mas, dentro de casa, foi um pai ausente, emocionalmente distante e, muitas vezes, cruel em seus julgamentos”, disparou Roger.
A trajetória de Rodrigo e outros familiares marcada pela ausência paterna
Roger detalhou a história de seu irmão biológico, Rodrigo, fruto de um relacionamento extraconjugal de Cid Moreira. Abandonado pelo pai aos três anos, Rodrigo teria crescido sem referências paternas, afeto ou cuidado. “O abandono não desaparece com o tempo — ele se transforma. Em muitos casos, vira revolta, autodestruição, dependência química, escolhas ruins. Nada disso isenta responsabilidades individuais, mas explica origens”, ponderou.
Ainda no desabafo, Roger trouxe à tona a história de Jaciara, filha biológica de Cid Moreira. Descrita como uma jovem inteligente e culta, Jaciara também teria sido vítima da rejeição e do preconceito paterno, enfrentando dificuldades com o uso de drogas e problemas de saúde mental. Sua trajetória, segundo Roger, é um reflexo do impacto devastador da ausência emocional.
O filho adotivo também mencionou o neto de Cid Moreira, Alexandre, filho de Jaciara. O jovem, que sonhava com uma carreira artística, teria sofrido com a desaprovação do avô, sendo ridicularizado por sua orientação e forma de ser. Alexandre faleceu tragicamente aos 21 anos em um acidente de carro, carregando, segundo Roger, o peso das rejeições familiares.
O relato pessoal de Roger Moreira
Roger, por sua vez, relatou ter sido adotado por Cid Moreira sob condições específicas. “Fui adotado porque correspondia ao padrão que ele desejava: imagem, comportamento, utilidade. Enquanto servi às expectativas dele, fui aceito”, confessou.
Ele acrescentou que, ao buscar viver sua própria vida e assumir sua identidade, passou a ser rejeitado. “O vínculo foi rompido de forma violenta, a ponto de se tentar desfazer até a própria adoção. O amor, ali, sempre foi condicionado”, afirmou.
O caso do irmão e a busca por romper ciclos
Diante da prisão de Rodrigo, Roger expressou tristeza, mas não surpresa. “Hoje, ver Rodrigo envolvido em violência doméstica, drogas e armas não me causa surpresa — causa tristeza. Tristeza profunda. Porque essas histórias não nascem do nada. Elas são frutos de abandono, rejeição, silêncio, preconceito e ausência de afeto”, pontuou.
Roger, no entanto, fez questão de ressaltar que nada justifica a agressão a uma mulher. “Nada justifica a agressão a uma mulher. Nada. Mas compreender a origem das feridas não é passar pano — é romper ciclos. Todos nós, filhos de Cid Moreira, carregamos sequelas gravíssimas dessa criação. Alguns não resistiram. Outros seguem lutando para não repetir a mesma história”, declarou.
Ele apelou para que o caso sirva como reflexão: “Que esse caso sirva não para espetáculo, mas para reflexão: o abandono emocional mata, adoece e destrói — mesmo quando vem de pessoas inteligentes, influentes e admiradas. O silêncio também é uma forma de violência”, lamentou.
Compromisso com o irmão e críticas indiretas
Roger Moreira assegurou que oferecerá apoio ao irmão neste momento delicado. “Quero deixar algo absolutamente claro. Neste momento difícil, eu jamais poderia largar da mão do meu irmão. Jamais. Não porque eu concorde com erros ou violências — porque não concordo —, mas porque abandoná-lo agora seria repetir exatamente a violência que o marcou a vida inteira”, explicou.
Ele argumentou que virar as costas para o irmão seria mais um abandono, algo que ele não está disposto a cometer. “Meu irmão passou a vida sendo rejeitado, afastado, invisibilizado. Cresceu sem afeto, sem acolhimento, sem referência paterna. Virar as costas para ele justamente quando ele precisa de ajuda seria mais um abandono, e eu não carrego isso na minha consciência”, declarou.
Roger também abordou a questão da responsabilidade, defendendo que, além da responsabilidade individual, existe a responsabilidade humana de estender a mão. “Estender a mão não é passar pano; é tentar impedir que uma história de dor continue produzindo tragédias”, observou.
Em um trecho mais incisivo, Roger Moreira criticou indiretamente a viúva de Cid Moreira, Fátima, sugerindo que o afastamento entre pai e filhos nos últimos anos de vida do jornalista foi incentivado por ela, que seria a maior beneficiária financeira da ruptura familiar. “Fala-se muito em Deus, em fé, em moral cristã. Mas que fé é essa que não promove reconciliação? Que fé é essa que não incentiva um pai a conversar com os próprios filhos, a ouvir, a acolher, a tentar compreender?”, questionou.
Ele finalizou seu desabafo com uma declaração de princípios: “Eu escolho não julgar. Escolho não abandonar. Escolho não repetir a violência emocional que atravessou gerações nessa família. Ajudar meu irmão agora não é negar o que aconteceu. É tentar impedir que o abandono continue fazendo mais vítimas. Porque se há algo que aprendi com toda essa história é que o abandono mata aos poucos — e eu me recuso a ser parte disso”, concluiu.