A obra do renomado cartunista Mauricio de Sousa, criador da icônica “Turma da Mônica”, foi oficialmente reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da cidade de São Paulo. A decisão unânime da Câmara Municipal, sancionada pelo prefeito Ricardo Nunes, celebra o impacto duradouro de suas criações, que moldaram a infância de inúmeras gerações de brasileiros e transcenderam fronteiras.
A homenagem destaca a profunda influência do artista, que recentemente completou 90 anos, não apenas na capital paulista, onde construiu sua carreira, mas em todo o país e no exterior. A justificativa para a lei ressalta como o universo criado por de Sousa se integrou à memória coletiva, disseminando valores educativos e inclusivos através de uma produção diversificada em mídias e formatos.
A trajetória de Mauricio de Sousa, originário de Santa Isabel, interior de São Paulo, teve início com o trabalho como repórter policial antes de se dedicar integralmente aos quadrinhos. Sua primeira publicação, em 1959, apresentava os personagens Bidu e Franjinha, dando o pontapé inicial a um universo que hoje conta com mais de 400 criações, incluindo os mundialmente conhecidos Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão.
O Bairro do Limoeiro, cenário onde a Turma da Mônica vive suas aventuras, consolidou-se a partir dos anos 1960, com o surgimento de personagens centrais, transformando a série na mais popular do Brasil. Ao longo das décadas, os quadrinhos passaram por importantes fases editoriais: Editora Abril (1970-1986), Editora Globo (1987-2006) e, desde 2007, Panini Comics, mantendo uma posição de destaque no mercado editorial.
Uma inovação significativa ocorreu em 2008 com o lançamento de “Turma da Mônica Jovem”, que adaptou os personagens para um estilo inspirado em mangás, visando dialogar com o público jovem. Atualmente em sua terceira série, iniciada em 2021, a publicação mensal continua a apresentar histórias com os personagens em sua adolescência, com a linha “Turma da Mônica Jovem (2021)” já ultrapassando a 54ª edição.
As celebrações dos 90 anos do cartunista foram marcadas por diversas homenagens, como a cinebiografia “Mauricio de Sousa: O Filme”, que estreou recentemente nos cinemas, e projetos públicos em São Paulo, incluindo 90 esculturas da Turma da Mônica espalhadas pela cidade e um banco especial no Viaduto do Chá dedicado ao artista.
Em nota oficial, a família Sousa expressou gratidão pela sanção da lei: “Mauricio e sua família agradecem a sanção da lei que reconhece oficialmente a obra de Mauricio de Sousa como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de São Paulo. A homenagem foi recebida com alegria e profundo respeito, especialmente por ocorrer ainda em vida, coroando mais de seis décadas de contribuição para a cultura, a educação e o imaginário coletivo dos brasileiros”. A lei reforça que as criações de de Sousa refletem o cotidiano das famílias brasileiras, impactaram a alfabetização e a imaginação de incontáveis crianças, justificando sua preservação como um bem imaterial paulistano.