Mais de um ano após a trágica morte do ator e DJ João Rebello, sua mãe, a produtora Maria Rebello, enfrentou o temor e a dor para retornar a Trancoso, Bahia. Foi na pacata localidade que o filho, aos 45 anos, foi vítima de um assassinato por engano em outubro de 2024. A volta de Maria ao cenário da perda coincide com um momento de homenagem ao filho e à família, no próximo domingo, 7 de julho, a partir das 19h.
Maria e sua filha, a atriz Maria Carol Rebello, estarão presentes na exibição do filme “Fôlego — Até depois do fim”, dirigido por Candé Salles. A obra, que aborda a trajetória do diretor Jorge Fernando, integra a programação do Festival de Cinema de Trancoso e dedicará uma sessão especial em memória de João e de sua família de artistas.
“Perder um filho me levou para um lugar inominável. Há um ano eu vivo numa exaustão emocional”, desabafou Maria Rebello. “Ver o fôlego da Carol em fazer esse filme me deu a voz que me faltou quando mataram meu filho. Eu quis ir até lá (Trancoso), quis gritar e fazer justiça, mas eu não tive forças. Sempre foi a arte que nos salvou, e agora não está sendo diferente. O meu grito de justiça é esse filme que mostra a família de artistas que somos. Só a arte é capaz de me dar fôlego para pousar novamente em Trancoso.” Maria é irmã de Jorge Fernando e filha da renomada atriz Hilda Rebello.
A roteirista e narradora do filme, Maria Carol Rebello, revelou que o amor por Trancoso foi herdado da mãe. “Ela levava a gente e nossos amigos nas férias. Saíamos do Rio, de van, ela, as amigas, eu, João e nossos amigos rumo à Bahia. Eu sempre amei esse lugar! Só que eu não sabia que ele me tiraria o fôlego”, contou Carol. A atriz precisou lidar com a dor e a responsabilidade de ir a Trancoso logo após receber a notícia da morte do irmão.
“Tive que sair do Rio e ir para lá assim que eu recebi a pior notícia da minha vida. Fui para trazer o corpo do meu irmão e jurei que nunca mais voltaria. Fui porque tinha que ir e porque minha mãe me pediu, ela não tinha forças, lhe faltava ainda mais o ar”, relembrou Carol. “O luto me dominou, mas não me paralisou. Vendo o olhar apagado da minha mãe, respirei e comecei a escrever mexendo nas minhas memórias. Acho que para não esquecê-las, para tentar estar perto deles três, mas principalmente pela necessidade de se fazer justiça pela morte do João.”
O documentário “Fôlego — Até depois do fim” presta uma homenagem à atriz Hilda Rebello, avó de Carol, e ao ator e diretor Jorge Fernando, tio de Carol e irmão de Maria. O filme também conta com a participação de personalidades como Xuxa, Ney Matogrosso, Marcelo D2, Tony Ramos, Camila Pitanga, Louise Cardoso, Sergio Guizé e Mariana Ximenes, que compartilham suas memórias e depoimentos.
Além da exibição em Trancoso, o filme terá uma sessão gratuita na praça principal de Paquetá, no dia 14 de julho. A ilha, que era um refúgio para Jorge Fernando, onde ele possuía uma casa mantida pela família, será o palco de mais uma homenagem ao legado artístico.