O que se iniciou como uma participação eventual na novela das sete da TV Globo, “Dona de Mim”, se desdobrou em um papel de destaque e afeto para a atriz Marina Rigueira. Em conversa com o Portal iG, a artista revela que sua personagem, Vivian, foi concebida inicialmente para solucionar uma questão jurídica envolvendo Dona Rosa (Suely Franco), mas a trama ganhou contornos inesperados, incluindo o desenvolvimento de uma relação amorosa.
O percurso de Vivian na trama surpreendeu a própria intérprete. “Foi uma surpresa enorme! Eu tinha a impressão de que ficaria até o fim da novela, considerando a quantidade de pendências jurídicas da família Boaz, e que a trama da personagem da Suely levaria tempo para se resolver. No entanto, jamais imaginei um romance com o Samuel”, confidencia Marina, que considera essa evolução um marco em sua carreira.
A conexão entre Vivian e Samuel, interpretado por Juan Paiva, tornou-se um dos pontos altos para o público. Marina atribui essa sintonia à amizade construída nos bastidores e à parceria de Juan. “Faziam muitos anos que eu não tinha um par romântico em um trabalho, então, no começo, fiquei bastante apreensiva. A tranquilidade dele, contudo, é contagiante. Ele sempre me incentivou a sugerir ideias. Eu adoraria que eles ficassem juntos, pois acredito que Vivian e Samuel compartilham uma dor em comum”, afirma a atriz, defendendo a união dos personagens em busca de um desfecho feliz.
Após quase uma década dedicada ao ensino de interpretação, Marina celebra seu retorno às novelas com uma perspectiva renovada. “Ser convidada para voltar como atriz significa que tenho construído um bom trabalho em diversas frentes. É uma realização genuína. Hoje me sinto muito mais confiante e consigo aproveitar cada momento em cena. Antigamente, havia uma pressão constante para acertar; agora, eu desfruto da experiência”, declara.
Além de sua atuação, Marina é reconhecida por seu trabalho na preparação de elenco, ministrando aulas em seu estúdio no Rio de Janeiro e orientando talentos como Giovana Cordeiro e Luiz Miranda. A técnica do Método Chubbuck, que ela domina, também influenciou sua performance como Vivian. “Apliquei um aspecto da técnica que me auxiliou enormemente com Vivian, no sentido de tornar tudo muito pessoal. Abandonei a frieza de uma ‘advogada’ e procurei enxergar Dona Rosa e Samuel como pessoas próximas a mim”, explica. Contudo, a rotina agitada, com gravações intensas e compromissos com alunos, nem sempre permitiu a aplicação completa do método: “Às vezes, eu tinha 15 cenas para gravar em um dia e 60 alunos para atender após sair da Globo, o que tornava impossível aplicar tudo por falta de tempo.”
Sua experiência em processos de seleção de elenco, como no filme “90 Decibéis”, dirigido pela filha de Regina Casé, aprofunda sua compreensão sobre a arte de atuar e a dinâmica das cenas. “Meu olhar de preparadora me ajuda imensamente, pois penso no que a cena necessita como um todo para funcionar, não apenas no meu texto. Sei que ela está inserida em um contexto maior”, pondera. Para Marina, o ator ideal é aquele que compreende a função dramatúrgica de seu personagem e consegue entregar a intensidade adequada na medida certa.