O ator Victor Fasano, conhecido por seus papéis de destaque em novelas brasileiras, ingressou com uma ação judicial contra a Rede Globo. A disputa se concentra na disponibilização da novela ‘O Clone’, exibida originalmente em 2001, no catálogo do Globoplay, plataforma de streaming da emissora. Fasano alega que seu contrato original não previa a exploração da obra em formatos além da televisão aberta, e que a inclusão em novas mídias, como o Globoplay e o Canal Viva, não gerou compensação financeira adicional.
Na trama de Glória Perez, Victor Fasano interpretou Tavinho, personagem que compunha o núcleo de executivos da novela. O ator argumenta que a emissora passou a monetizar a novela em diferentes plataformas, incluindo reprises no Canal Viva e a oferta no Globoplay Novelas, sem negociar novos pagamentos pelo uso de sua imagem ou a de outros atores envolvidos na produção.
A ação, protocolada em junho de 2025 pela empresa Paisagio Comércio Vídeo Foto, de propriedade de Fasano, questiona os termos do acordo firmado há mais de duas décadas. Segundo os autos, o contrato original não contemplava a exibição em serviços de streaming ou em canais pagos. A defesa do ator busca uma indenização, argumentando que a distribuição em novas mídias, com modelos comerciais distintos dos previstos em 2001, configura um licenciamento não autorizado.
O processo destaca a ausência de cláusulas específicas sobre streaming e exibição paga em contratos firmados na época. A argumentação jurídica sustenta que as reprises no Canal Viva e a disponibilização no Globoplay devem ser consideradas como novas formas de licenciamento, que demandariam negociações e remuneração distintas das contratações originais para exibição em TV aberta.
Victor Fasano declarou em entrevista ao jornalista Lucas Pasin, do Metrópoles, que a Globo sempre cumpriu os contratos vigentes para a televisão aberta. No entanto, ele ressalta que a exploração da novela em plataformas digitais, como o Canal Viva e o Globoplay Novelas, não tem gerado pagamento pelo uso de sua imagem ou a de outros artistas. “Essa utilização nunca foi prevista anteriormente”, afirmou o ator, que considera injusta a exploração comercial sem nova negociação e permissão dos detentores dos direitos de imagem.
A iniciativa de Fasano expõe uma questão recorrente em contratos de obras audiovisuais mais antigas, firmados antes da consolidação do mercado de streaming. O caso pode estabelecer um precedente importante para outros artistas que participaram de produções clássicas e que hoje veem seus trabalhos serem redistribuídos em novos formatos, sem participação nos lucros gerados por essa exploração digital. O Judiciário terá agora a tarefa de analisar a validade dos contratos em face das novas realidades de mercado e decidir sobre a necessidade de revisão da remuneração aos intérpretes de obras icônicas como ‘O Clone’.