A influenciadora Viih Tube (25) vivenciou momentos de apreensão com o nascimento de seu filho, Ravi (1), que apresentou um quadro de saúde complexo logo após vir ao mundo. O bebê precisou ficar internado por semanas devido a uma inflamação intestinal, gerando preocupações médicas sobre uma possível reação imunológica atípica em seus primeiros dias de vida.
A situação de Ravi reacende um debate crucial sobre o diagnóstico e manejo de alergias alimentares em bebês, destacando a importância de abordagens clínicas precisas para evitar complicações no desenvolvimento infantil. Especialistas ressaltam que as manifestações de alergias na primeira infância possuem particularidades que exigem atenção individualizada, sem espaço para generalizações.
Sintomas que Desafiam e a Necessidade de Investigação Profunda
Em entrevista à CARAS Brasil, a Dra. Brianna Nicoletti, médica alergista e imunologista, enfatizou que cada decisão durante a internação de um recém-nascido impacta diretamente seu desenvolvimento nutricional, emocional e imunológico, bem como o bem-estar da família. Ela explicou a importância de compreender a ciência por trás de condições como a Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) e outras que podem mimetizar sintomas de alergia, especialmente em bebês hospitalizados.
Abordando a amamentação e a suspeita de APLV, a Dra. Brianna esclareceu que o desmame unilateral raramente é a solução ideal. “A APLV pode surgir mesmo em bebês amamentados exclusivamente no peito, mas é algo muito incomum”, pontuou. Ela ressaltou que a conduta mais recomendada é conservadora: “Nossa orientação é manter a amamentação, a mãe retira o leite de vaca da própria dieta e a criança é reavaliada em algumas semanas”, detalhou.
A médica acrescentou que uma melhora súbita após a suspensão do leite materno não é, por si só, confirmação do diagnóstico. “Essa mudança pode coincidir com a evolução natural do quadro ou com outras terapias aplicadas no hospital”, explicou.
Quando a Inflamação Indica Riscos Mais Sérios que a Alergia
Outro ponto de confusão para pais é a crença de que testes de alergia só podem ser realizados em idades mais avançadas. A especialista desmistificou essa ideia: “Não existe uma regra que diga que só se pode testar após um ano e meio”, afirmou.
Segundo a Dra. Brianna, exames cutâneos e de IgE específica podem ser feitos nos primeiros meses de vida, caso haja suspeita de alergia mediada por IgE. Para outros tipos de alergia, o raciocínio diagnóstico é distinto. “Em alergias não mediadas por IgE, como a enterocolite induzida por proteína alimentar, os exames podem apresentar resultados normais mesmo com a doença ativa”, observou. Por isso, a avaliação clínica e o teste de exclusão com reintrodução posterior permanecem fundamentais para o diagnóstico.
Em relação à inflamação intestinal nos primeiros dias de vida, como no caso de Ravi, a médica admitiu que o leque de diagnósticos possíveis transcende a alergia. A gravidade do quadro exige uma análise criteriosa. “Uma inflamação intestinal tão precoce levanta suspeitas importantes, como enterocolite necrosante, enterocolite induzida por proteína alimentar ou até uma infecção intestinal”, explicou. Ela alertou para a gravidade da enterocolite necrosante: “É uma condição séria e muito mais comum do que alergia alimentar nessa faixa etária, especialmente em bebês que necessitam de internação”, ressaltou.
Para famílias que enfrentam situações semelhantes, a Dra. Brianna reforçou o valor da informação técnica como aliada. “O mais importante é que o manejo seja baseado em evidências e conduzido por profissionais experientes, pois decisões tomadas precocemente podem moldar toda a trajetória de saúde do bebê”, disse.
Ela também aconselhou que os responsáveis evitem dietas restritivas extensas sem acompanhamento profissional. “A conduta correta previne diagnósticos precipitados e assegura que a criança receba a nutrição adequada, que é essencial nesta fase”, concluiu.