Uma tarde de alta tensão marcou o plenário da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (9), quando o deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) protagonizou um protesto ao ocupar a cadeira da Presidência. O ato, que se estendeu por mais de duas horas, foi uma resposta à decisão do presidente da Casa, Arthur Lira (PP/AL), de pautar para votação o processo que pode levar à cassação do mandato de Braga. A ocupação culminou na intervenção da Polícia Legislativa, que removeu o parlamentar à força, gerando um cenário de confusão generalizada que interrompeu a transmissão oficial das atividades.
A retirada de Glauber Braga do púlpito desencadeou um tumulto no Salão Verde, envolvendo jornalistas, seguranças e outros parlamentares. A imprensa foi retirada da área antes da operação policial, e a Mesa Diretora foi cercada para impedir o registro da ação. Vídeos do ocorrido, gravados por deputados presentes, circularam rapidamente pelas redes sociais.
Em pronunciamento após o incidente, Glauber Braga, acompanhado por sua esposa e também deputada Sâmia Bomfim (PSOL/SP), classificou a ação como autoritária e a comparou a episódios anteriores na Casa, afirmando que não houve uso da força. O deputado declarou estar sendo vítima de perseguição política e reiterou sua intenção de resistir.
A sessão foi suspensa por volta das 17h30, e a Polícia Legislativa assumiu o controle da área. Glauber Braga responde a um processo por quebra de decoro parlamentar, referente a uma acusação de agressão a um membro do MBL no ano passado. Em abril, após o Conselho de Ética recomendar sua cassação, o deputado chegou a realizar uma greve de fome, que foi encerrada após um acordo com a presidência da Câmara sobre os prazos de sua defesa.
Arthur Lira, em discurso posterior à confusão, declarou que Glauber Braga “ultrapassou todos os limites regimentais” e anunciou a abertura de investigação sobre eventuais excessos policiais contra a imprensa. O presidente da Câmara classificou o protesto como “um desrespeito ao Legislativo” e assegurou que a tramitação dos processos de cassação, incluindo os de outros parlamentares, seguirá seu curso.
A oposição ao governo federal mostrou-se dividida na avaliação do ocorrido. Parlamentares de diversas legendas criticaram o caos gerado, enquanto aliados de Glauber Braga expressaram preocupação de que o gesto possa ter prejudicado suas chances de evitar a cassação. A defesa do deputado registrou boletim de ocorrência, alegando ter sofrido agressões durante o tumulto.